A crise climática na Amazônia, evidenciada por temperaturas recordes, secas e incêndios em 2023 e 2024, deve piorar muito com o aumento contínuo do aquecimento global antropogênico. A floresta amazônica já está severamente impactada e não sobreviverá às mudanças previstas se o aquecimento global continuar inabalável. Temperaturas mais altas, estações secas mais longas e secas severas mais frequentes são previstas. Quando as temperaturas são mais altas, todas as plantas terrestres requerem mais água para sobreviver e, ao mesmo tempo que temperaturas aumentam, haverá menos chuva em toda a Amazônia, exceto em uma faixa ao longo da base dos Andes. Durante secas severas, muitas árvores amazônicas ultrapassam seus limites de tolerância ao estresse hídrico e morrem, como já está ocorrendo. Isso piora quando combinado com efeitos de borda e fragmentação florestal. Madeira morta aumenta o risco e a gravidade dos incêndios florestais. Esse efeito também é provocado pela exploração madeireira, seja ela legal ou ilegal, e as áreas de floresta que estão sendo perturbadas pela exploração madeireira a cada ano são frequentemente maiores do que as áreas perdidas para o desmatamento. O fogo tem o potencial de destruir a floresta amazônica muito mais rapidamente do que o processo contínuo de desmatamento. Uma série de políticas governamentais equivocadas favorecem a contínuação de desmatamento e degradação florestal e a emissão de gases de efeito estufa. A perda de biodiversidade é uma das razões para mudanças imediatas nessas políticas.
Biólogo com PhD pela Universidade de Michigan, é pesquisador da Coordenação de Dinâmica Ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, desde 1978. É pesquisador 1-A de CNPq e membro da Academia Brasileira de Ciências. Ganhou os prêmios Conrad Wessel, Ford, Benchimol, Chico Mendes, Scopus e FAPEAM. Realiza pesquisas sobre capacidade de suporte, impactos e perspectivas de diferentes modos de desenvolvimento, e mudanças climáticas na Amazônia. Desde 1992 vem promovendo a captação do valor dos serviços ambientais como forma de desenvolvimento sustentável. Ele dá aulas e orienta alunos em 3 cursos de pós-graduação do INPA. Suas mais de 800 publicações científicas e 750 de divulgação sobre mudanças ambientais decorrentes do desmatamento, e os impactos e perspectivas de diferentes modos de desenvolvimento na Amazônia, estão disponíveis em http://philip.inpa.gov.br. Em 2006 foi identificado pelo Thompson-ISI como o segundo mais citado cientista do mundo na área de aquecimento global e em 2011 foi identificado como sétimo na área de desenvolvimento sustentável. Em 2020, baseado na base de dados de Scopus, foi identificado, como o mais influente no Brasil na área de ecologia, e em 2021 pela Reuters Hot List como o mais influente no Brasil na área de mudança climática.
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