E s c o l a F A P E S P
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Manuel Heitor

Manuel Heitor

Professor at Instituto Superior Técnico (IST) the engineering school at the University of Lisbon.

Palestra

Que Pirâmide Humana?

O conhecimento para as Pessoas, o Planeta, a Paz e a Prosperidade: Portugal e a Europa no contexto internacional e os desafios para uma agenda transformativa para a ciência e a inovação

Mais de 60 anos depois da “Pirâmide Humana” do cineasta etnográfico francês Jean Rouch , a análise contemporânea de Joseph Henrich , ou os estudos de justiça racial e de pensamento crítico de Jamie Berthe , entre muitos outros autores, sugerem que a experimentação social e política, assim como artística, convida-nos de forma crescente a experimentar novos movimentos participativos de inovação colaborativa de âmbito transdisciplinar. Exige ainda aprender a enfrentar os desafios da expansão sistemática da base social de apoio ao conhecimento, assim como do reforço necessário que a especialização crescente do topo do conhecimento científico exige.
Mas exige também complementar esses processos, ortogonais entre si , com o reforço de atividades e instituições de interface, densificando e diversificando o ambiente institucional que estimula a construção social do conhecimento. E exige ainda garantir a participação aberta e livre de todos no próprio processo de desenvolvimento e não apenas assistir a qualquer forma imposta de desenvolvimento.
Ou seja, exige perceber, estimular e garantir a transformação continua e sistemática da pirâmide humana.
A análise inclui a discussão do processo que levou à superação do atraso crónico da capacidade científica em Portugal na primeira década do século XXI, depois da despesa global em I&D ter finalmente ultrapassado 1% do PIB. Posteriormente, aborda o processo que possibilitou atingir as metas europeias de qualificação da população na segunda década deste século, designadamente no período 2019-2020, depois de termos conseguido ter mais de metade dos jovens de 20 anos a estudar no ensino superior. Estes processos são discutidos em associação com o esforço coletivo de reduzir a dívida pública, juntamente com o reforço do investimento em I&D e o aumento do número de investigadores nos sectores público e privado, que superou significativamente a média europeia e atingiu uma das maiores concentrações a nível europeu.
Tendo por base uma reflexão sobre a experiência das políticas públicas e a evolução das condições para as atividades de I&D e de formação avançada nas últimos 3 décadas em Portugal e na Europa, a discussão considera quatro aspetos críticos para garantir a nossa “resiliência coletiva” a nível nacional e internacional:
i) continuar o processo de alargamento e de densificação territorial da base social de apoio da ciência e da formação avançada, em articulação com a promoção da cultura científica;
ii) continuar a diversificar e especializar as atividades de investigação e inovação, juntamente com os processos de ensino/aprendizagem, aprofundando formas de inovação colaborativa com atores sociais e económicos, públicos e privados;
iii) melhorar as condições laborais e de emprego, designadamente dos investigadores mais jovens e da valorização social de carreiras técnicas; e
iv) continuar a reforçar a internacionalização, reforçando o posicionalmente Atlântico de Portugal, designadamente em termos da cooperação com o Sul Global, sobretudo África e Brasil, em triangulação com a Europa e os Estados Unidos da América.
Neste contexto e ao mesmo tempo que a democratização do acesso ao ensino superior e do acesso ao conhecimento e à ciência tem sido concretizada em Portugal e na Europa, a análise mostra que o nosso posicionamento no Mundo dependerá cada vez mais da nossa coresponsabilização coletiva pelo desenvolvimento sustentável à escala planetária.

Minibio:

Professor Titular, desde 2006, e atual Diretor, desde 2022, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), Campus São Carlos, Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq. É coordenador da rede IARA, Inteligência Artificial Recriando Ambientes. Coordena o WG12.2 Working Group on Machine Learning and Data Mining da International Federation for Information Processing (IFIP). Foi Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), de 2019 a 2023, membro do Comitê de Assessoramento de Ciência da Computação do CNPq (CA-CC), de 2018 a 2021 (coordenador de 2019 a 2020). De 2013 a 2017 foi membro do conselho da International Association for Statistical Computing (IASC), do International Institute of Statistics (ISI). Possui Bacharelado (1987) e Mestrado em Ciência da Computação (1990) pela Universidade Federal de Pernambuco, e doutorado em Electronic Engineering pela University of Kent (1994). Seus principais interesses de pesquisa são Aprendizado de Máquina, Mineração de Dados e Ciência de Dados, com aplicações em várias áreas. Publicou vários artigos nessas áreas, alguns deles premiados em conferências organizadas por ACM, IEEE and SBC. Escreveu vários livros, entre eles Inteligência Artificial: Uma abordagem de Aprendizado de Máquina, publicado pelo GrupoGen em 2011 e prêmio Jabuti 2012, e A General Introduction to Data Analytics, publicado pela Wiley, em 2018.Foi Professor Associado na University of Guelph, Canada. Foi ainda Professor Visitante na University of Kent e Pesquisador Visitante na University of Kent e no Alan Turing Institute, UK. Avalia projetos para agências de fomento a pesquisa nacionais: CAPES, CNPq, FAPERJ, FAPESP, FACEPE, FAPEMIG, FINEP e Fundação Serrapilheira, e internacionais: Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnológica, CONICYT (Chile), Croatian Science Foundation, HRZZ (Croácia), Czech Science Foundation, GACR (República Tcheca), Engineering and Physical Sciences Research Council, EPSRC Reino Unido), Israel Science Foundation, ISF (Israel), Natural Sciences and Engineering Research Council of Canada, NSERC (Canada), The Leverhulme Trust (Reino Unido), Ministero dell’Istruzione, dell’Università e della Ricerca, MIUR (Itália) e Swiss National Science Foundation, SNSF (Suíça) .É Diretor do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria da USP. É ainda Vice-Coordenador do MBA em Ciência de Dados do ICMC-USP. , do Conselho Consultivo da Rede MCTI-EMBRAPII de Inovação em Inteligência Artificial (IA), da Rede Ciência para Educação (CpE), do Comitê Diretivo para América Latina e Caribe da International Network for Government Science Advice (INGSA), do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo e do Comitê Científico do Advanced Institute for Artificial Intelligence (AI2), do Strategy and Partnerships Board of the UKRI Centre for Doctoral Training in Accountable, Responsible and Transparent AI (ART-AI), at University of Bath, UK. Membro associado da Artificial Intelligence Institute – Te Ipu o te Mahara da University of Waikato, Nova Zelândia e do Grupo de Governança da Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, do Conselho Tecnológico da Associação Gestora de Fundo Patrimonial Chronos (CHRONOS) e do Comitê de Governança do Indicações Geográficas (IG) São Carlos. Foi membro do Conselho Técnico Científico da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (EMAp-FGV) de 2018 a 2020. Membro do UK Expert Advisory Panel of State of Science Report for the risks associated with frontier AI.

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